A sinalética portuguesa é anedótica!
A informação é nula ou induz ao engano. Quem conhece os percursos não usa as placas.
A sinalização das estradas portuguesas poderia ser retirada. Toda. Sem quaisquer indicações, os automobilistas chegariam mais depressa aos seus destinos. As placas nascem em catadupa, quais ervas daninhas. Não têm qualquer hierarquia, nem de cor nem de tamanho. Umas são azuis, outras brancas, outras ainda amarelas. Todas podem indicar uma autoestrada, uma localidade, um hospital, um hotel ou um pequeno bairro. Não há qualquer relação entre a importância e a natureza do local e a relevância das placas. Raramente dão indicações claras. É comum ver placas que, indicando a mesma localidade, apontam em sentidos opostos. Depois há as que são completamente inúteis, as que apontam “trânsito local”, “todas as direções” ou até “outras direções” que não todas. O automobilista desespera. E já para não falar das obsoletas, como as que se encontram no centro das cidades a indicar o sentido de Lisboa, referindo-se a percursos em estradas antigas, entretanto absorvidas pelo trânsito urbano. A ambiguidade é também uma característica dominante; exemplares são as que nos mandam para os bombeiros em todas as direções, porque há várias corporações no concelho. Quando, por milagre, as indicações estão corretas, logo à frente uma maldição as faz desaparecer. A sinalética é anedótica! A informação que disponibiliza é nula ou induz ao engano. Quem conhece os percursos não as usa. E quem não os conhece também não será pelas placas que se orienta. Se alguém quisesse fazer com que os automobilistas se perdessem, não faria melhor. A única exceção neste caos são as indicações para superfícies comerciais, como o “Pingo Doce”, “Continente” ou “Lidl”, que enxameiam as cidades de placas. De tal forma que, para se encontrar uma escola ou um centro de saúde, o ideal é procurar localizá-los por referência a uma área comercial. Este é mais um exemplo de gestão pública incompetente. Os responsáveis por este setor andam, no mínimo, desorientados. Falta-lhes uma placa: a que lhes indique a “Saída”. A herança do Euro 2004 O Euro 2004 deixou como herança três estádios-fantasma. Só o de Aveiro custou 45 milhões (mais 15 da envolvente). Como os políticos de então não previram o futuro, os custos são hoje incomportáveis. Loulé custa 4200 por dia, Aveiro 8300 e Leiria 13300. São 10 milhões de euros dos nossos impostos por ano. Para nada.
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